alguém anda a pintalgar de poesia a cidade dos arcebispos...

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Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.




Alexandre O'Neill

está explicado

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Recebi um email com o seguinte assunto: «sobre a tua foto "o quê?!" devo dizer... lindo»
E, depois, este poema de Octavio Paz... está explicado! E calado o meu "o quê?!" Quer dizer... mais ou menos.
E, aliás, a próxima fotografia será do mesmo "artista pintor" das paredes do centro de Braga, com um verso de um outro poeta...





Se tu és a égua de âmbar
eu sou o caminho de sangue


Se tu és o primeiro nevão
eu sou quem acende a fogueira da madrugada


Se tu és a torre da noite
eu sou o cravo ardendo em tua fronte


Se tu és a maré matutina
eu sou o grito do primeiro pássaro


Se tu és a cesta de laranjas
eu sou o punhal de sol


Se tu és o altar de pedra
eu sou a mão sacrílega


Se tu és a terra deitada
eu sou a cana verde


Se tu és o salto do vento
eu sou o fogo oculto


Se tu és a boca da água
eu sou a boca do musgo


Se tu és o bosque das nuvens
eu sou o machado que as corta


Se tu és a cidade profunda
eu sou a chuva da consagração


Se tu és a montanha amarela
eu sou os braços vermelhos do líquen


Se tu és o sol que se levanta
eu sou o caminho de sangue




Octavio Paz, in “Salamandra”